quarta-feira, 6 de maio de 2015

183 B - Elizabeth e a Igreja da Inglaterra

183 B - Elizabeth e a Igreja da Inglaterra.

Continuação...




O retrato de "Hampden",
de Steven van der Meulen, 1563.
Este é o retrato mais antigo de corpo inteiro da Rainha
Pintado antes do surgimento dos retratos simbólicos representando a iconografia da "Rainha Virgem".


Legitimidade era o tormento dos Tudor.

Significado de Legitimidade: s.f. Característica, particularidade ou condição do que é legítimo.
Jurídico. Que se encontra de acordo com as leis; segundo o Direito; legalidade.
Jurídico. Característica ou condição de quem está em conformidade com as leis morais (divina ou dos homens), com a justiça, com a razão etc.
Direito de sucessão assegurado àqueles que pertencem a ordem direta de primogenitura numa monarquia.
Ideologia política dos legitimistas portugueses.
(Etm. legítim(o) + (i)dade)
Sinônimo de legitimidade: legalidade e validade

Em uma época em que o Direto Divino dos Reis era assegurado pelo Papa da Igreja Católica, do Bispo de Roma, do Sumo e Romano Pontífice, o segundo Rei da Inglaterra da novíssima Dinastia Real dos Tudors, apesar de ser da velha nobreza e descendentes de princeps do País de Gales, era nova em um Trono, desafiou o “ fazedor de Reis”, e se divorciou de uma princesa católica, filha dos Reis Católicos de Espanha, Título dado pelo Chefe da Cristandade, por aquele que divinamente estava sentado no Trono de São Pedro.   
Para piorar abraçou o protestantismo
Para piorar fundou uma Igreja, que denominou a Igreja da Inglaterra.
Para piorar casou de novo.
E...
... Por causa do casamento de Henrique VIII e Ana Bolena, pais de Elizabeth, que o Rei da Inglaterra, o segundo da novíssima Dinastia Real dos Tudors, rompeu com o Papa.
Mais, Ana Bolena não deu o tão esperado Herdeiro homem.
Ana Bolena, então, foi acusada de adultério, e por via de consequência de Traição (pela Lei de Eduardo III chifre na testa real posto pela rainha era traição ao Reino, presumivelmente por causa das implicações para a sucessão ao Trono), repudiada, seu casamento foi anulado em 14 de maio de 1536, presa na Torre de Londres, acabou decapitada.
Ora, juntamente com Maria, futura a sanguinária, filha de Catarina de Aragão, essa espanhola católica que teve seu casamento com Henrique, também, anulado, Elizabeth foi declarada bastarda.  
Henrique, um temperamental, não teve nem dó, nem piedade, com as filhas frutos de seus casamentos desastrados, feitos ou por ambição (caso de Catarina, Infanta de Aragão) ou por luxuria (caso de Ana Bolena).   
Henrique, que tinha “comportamento desmedido em relação aos prazeres sexuais, que tinha uma sensualidade exagerada”, ligava tanto para os cânones monárquicos, os princípios absolutos das monarquias, as diversas regras específicas e consagradas das monarquias, o principio divino da Sagração e Coroação Real, que repudiou suas esposas consagradas e coroadas como Rainha da Inglaterra.
1-      Catarina de Aragão coroada em 24 de junho de 1509 pelo Arcebispo de Canterbury em uma cerimônia na Abadia de Westminster, junto com Henrique VIII. Morreu de doença do coração;
2-      Ana Bolena coroada em 01 de junho de 1533 em uma cerimônia magnífica na Abadia de Westminster, a última Rainha consorte da Inglaterra a ser coroado separada de seu marido, o Rei. Decapitada.
Observação:
Catherine Howard foi Rainha consorte de Inglaterra de 28 de julho de 1540 até 23 de novembro de 1541,1 ano, 3 meses e 26 dias, mas não foi sagrada, nem coroada, porem foi decapitada por traição ao Rei e ao Reino.
Além do que Henrique queria os Bens da Igreja Católica Apostólica Romana na Inglaterra, pois ela era riquíssima na Terra da Rainha, e o Papa queria os lucros dessas propriedades, e os dízimos dos fiéis.
Portanto, sua filha ex- bastarda, Elizabeth não tinha porque ser simpática aos católicos ingleses e ao santo padre em Roma, até porque eles não consideravam valido o casamento de seu pai com sua mãe, portanto ela era ilegítima para assumir o Trono da Inglaterra na ótica deles.
Não podemos esquecer que...
...Legitimidade que era o tormento dos Tudor, uma preocupação fundamental para ela, uma pessoa séria, durona e cônscia de sua função como Rainha da Inglaterra.
Se ela fosse ilegítima como podia ser a Rainha Ungida e Consagrada da Inglaterra e da Irlanda?
Não podia.
Logo ela que respeitava, com ardor e fervor, os cânones monárquicos, os princípios absolutos das monarquias, as diversas regras específicas e consagradas das monarquias, o principio divino da Sagração e Coroação Real.
Não podia.
E assim...
... Era obvio que Elizabeth ia abraçar a Reforma.
Elizabeth, também, era protestante porque contestava a autoridade do Papa, do Bispo de Roma, cuja posição tanto na esfera espiritual, como na esfera temporal, dava respaldo ao Direito Divino dos Reis Católicos da Europa, mas não a ela como Rainha por direito da Inglaterra.
Poucos eram os amigos, muitos eram os inimigos.
Elizabeth e seus assessores perceberam a ameaça de uma cruzada católica contra Inglaterra, por eles considerada herética.
Elizabeth procurou uma solução protestante que não iria ofender os católicos ingleses e “manteve símbolos católicos (como o crucifixo), e minimizou o papel de Sermões Bíblicos, Sermões esses que eram a base, ou a grande alavanca, dos reformadores.
Todavia, não fez tudo sozinha, incluiu o Parlamento nas Questões Religiosas.
Eduardo VII era religioso e por incrível que pareça era cônscio de sua posição como Cabeça da Igreja da Inglaterra, e reformas foram implementadas em seu nome.
“O homem em quem o Rei mais confiava, Thomas Cranmer, Arcebispo de Canterbury, introduziu uma série de reformas religiosas que revolucionaram a Igreja Inglesa”.
“Logo de início voltaram a rejeitar a supremacia Papal”.
“ Dissolveram as Igrejas, capelas, mosteiros, abadias, católicas, o que gerou uma grande vantagem monetária para a Coroa e para os seus novos proprietários”.
“Doutrinas reformadas foram oficializados, como a justificação pela Fé”.
“ O grande reformador o escocês John Knox pregou para o Rei”.
“ The Book of Common Prayer, O Livro de Oração Comum, um livro de oração usado ​​na Comunhão Anglicana, foi publicado em 1549”.
“Sob Elizabeth I o livro foi republicado, pouco alterado, em 1559”.
O Parlamento na época de Elizabeth decretou vários Atos de Uniformidade - Acts of Uniformity.
Todos tiveram o objeto básico de estabelecer algum tipo de ortodoxia dentro da Igreja da Inglaterra, a saber:
1-      The Act of Uniformity 1549 (2 & 3 Edw. 6, c. 1) which established the Book of Common Prayer as the only legal form of worship.
T.L.: O Ato da uniformidade 1549 (2 & 3 Edw. 6, c. 1), que estabeleceu o Livro de Oração Comum como a única forma legal de adoração
2-      The Act of Uniformity 1552 (5 & 6 Edw. 6, c. 1) required the use of the Book of Common Prayer of 1552.
              T.L.: O ato da uniformidade 1552 (5 e 6 Edw. 6, c. 1) requeria o uso do Livro de Oração Comum de 1552.
3-      The Act of Uniformity 1559 (1 Eliz., c. 2) was adopted on the accession of Elizabeth I.
T.L.: O ato da uniformidade 1559 (1 Eliz., C. 2), foi adoptada sobre a acessão de Elizabeth I.

Entretanto, as coisas não foram tão simples assim.
a-      Os mais radicais puritanos estavam pressionando por reformas de longo alcance, o que a Rainha não tolerou, considerava usurpação de suas funções;
b-      A Câmara dos Comuns apoiava fortemente as propostas, mas o projeto do Ato de Supremacia encontrou oposição na Câmara dos Lordes, em especial dos Bispos que nela tinham assento. Elizabeth foi obrigado a aceitar um acordo mais católico do que ela queria, ao invés das Reformas propostas pelo Puritanos.

E o que era o “Act of Supremacy 1558 “ - Ato de Supremacia de 1558 ?
“O Ato de Supremacia (1 Eliz 1 c 1), também conhecido como o Ato de Supremacia 1558, é um ato do Parlamento da Inglaterra, sob os auspícios da Rainha Elizabeth I, que substituiu o Ato de Supremacia 1534 emitido por Henrique VIII, que arrogou autoridade eclesiástica para a Monarquia inglesa, e que tinha sido revogado por Maria I, Rainha católica da Inglaterra. Com ele foi consolidada a Elizabethan Religious Settlement (Resolução Religiosa Elizabetana) ”.
Esse Ato confirmou a independência da Igreja da Inglaterra da Sé de Roma, da Igreja Católica Apostólica Romana, como um todo.
Elizabeth recebeu o título de Governador Supremo da Igreja da Inglaterra.
Restabeleceu o Livro de Oração Comum.
Permitiu o casamento dos sacerdotes.
Estabeleceu Regras Gerais para a Igreja.
“Esses Atos da Rainha e do Parlamento são vistos como dando o fim histórico da Reforma na Inglaterra e como os da fundação do Anglicanismo”.
Eu concordo.
“Elizabeth teve a sorte que muitos bispados estavam vagos na altura, incluindo o Arcebispado de Canterbury” e acordo foram feitos com os mais resistentes aos Atos”.
O Juramento da Supremacia fazia parte do Ato de Supremacia de 1558, e o que era isso?
“Qualquer pessoa para assumir um cargo público ou na Igreja tinha que jurar fidelidade ao Monarca como Governador Supremo da Igreja da Inglaterra. Não jurar era um crime, embora só se tornou Traição em 1562, quando foi promulgada a Supremacy of the Crown Act 1562 (Supremacia da Lei da Coroa de 1562). O juramento foi mais tarde estendido para os membros do Parlamento e os estudantes das Universidades”.
O Juramento:
“ I, A. B., do utterly testify and declare in my conscience that the Queen's Highness is the only supreme governor of this realm, and of all other her Highness's dominions and countries, as well in all spiritual or ecclesiastical things or causes, as temporal, and that no foreign prince, person, prelate, state or potentate hath or ought to have any jurisdiction, power, superiority, pre-eminence or authority ecclesiastical or spiritual within this realm; and therefore I do utterly renounce and forsake all foreign jurisdictions, powers, superiorities and authorities, and do promise that from henceforth I shall bear faith and true allegiance to the Queen's Highness, her heirs and lawful successors, and to my power shall assist and defend all jurisdictions, pre-eminences, privileges and authorities granted or belonging to the Queen's Highness, her heirs or successors, or united or annexed to the imperial crown of this realm. So help me God, and by the contents of this Book”
T.L.:
"Eu, fulano de tal, testifico e declaro com toda a minha consciência que Sua Alteza a Rainha é o único governador supremo deste reino, e de todos os outros domínios e países de Sua Alteza, bem como de todas as coisas ou causas espirituais ou eclesiásticas, como temporais, e que nenhum príncipe estrangeiro, pessoa, prelado, estadual ou potentado tem ou deveria ter qualquer jurisdição, poder, superioridade, preeminência ou autoridade eclesiástica ou espiritual dentro deste reino; e, portanto, eu absolutamente renuncio e abandono [ reconheço] todas as jurisdições estrangeiras, as competências, superioridades e autoridades, e prometo que de agora em diante vou ter fé e verdadeira lealdade à Sua Alteza a Rainha, seus herdeiros e sucessores legais, e meu poder deve assistir e defender todas as jurisdições, preeminências, os privilégios e autoridades concedidas ou pertencentes à Rainha Alteza, seus herdeiros ou sucessores, ou unidos ou anexados à coroa imperial deste reino. Que Deus me ajude, e pelo o conteúdo deste livro "
O livro era a Bíblia.
Houve um impacto entre os católicos romanos já que eles tinham que renegar sua Fé, pois em termos espirituais eles eram subordinados ao Papa de Roma, uma autoridade estrangeira, um poder estrangeiro.   
Mais, Elizabeth era sabia e preparada para ser Rainha, tanto que nos primeiros anos de seu reinado foi clemente e exercitou uma tolerância religiosa, nunca vista na Europa, lembramos do caso dos huguenotes na França, numa tentativa de harmonizar o estado de coisas entre os católicos romanos e os membros da Igreja da Inglaterra, afinal todos eram seus súditos e ela queria zelar pelo bem-estar deles, tanto secular, quanto espiritual.
Agindo assim, Elizabeth ganhou a confiança de todos os seus súditos e com isso afastou, ou superou, a acusação de ilegitimidade que flagelou seus primeiros anos de vida.
Afinal, Legitimidade era o tormento dos Tudor.





The Pelican Portrait
Por Nicholas Hilliard.
O pelicano, pendurado no colar de pérolas, foi pensado como uma alegoria.
Essa alegoria significava que o pelicano ia se alimentar no peito da Rainha e com isso alimentar seus filhotes.

E se tornou um símbolo da Paixão e da Eucaristia, adotada por Elizabeth que retratava a si mesma como a "mãe da Igreja da Inglaterra”.

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