terça-feira, 27 de janeiro de 2015

113 - CONVERSA - Habsburgo – Parte IV




  
As Portas do Purgatório
De
Gustavo Doré.


113- conversa- - Habsburgo – Parte IV


Rodolfo de Habsburgo, Conde de Habsburgo, Regente do Condado de Kyburg (Regent der Grafschaft Kyburg), Duque de Caríntia e Carniola (Herzog von Kärnten und Krain), Duque de Áustria e Styria (Herzog von Österreich und der Steiermark), Rei da Alemanha, formalmente Rei dos Romanos (Römisch-deutscher König).

Rodolfo de Habsburgo, Conde de Habsburgo, foi o primeiro Habsburg a adquirir os Ducados de Áustria e Styria, ou Ístria, e os domínios que permanecem sob o controle dos Habsburgos por mais de 600 anos, que formaram o núcleo de Poder da Dinastia, que são hoje os territórios da atual da Áustria.
Sua esposa, Gertrude, filha do Conde Burkhard III de Hohenberg, e de sua esposa, Matilde de Tübingen, que além de herdeira Hohenberg, com a morte de seu tio materno Hartmann IV, Conde de Kyburg, sem filhos, herdou uma belíssima fortuna, composta de propriedades valiosas, Feudos bem sucedidos como os Bispos de Estrasburgo e Basileia, direitos sobre várias extensões de terra que ele adquiridos de abadias e outros bens.
Tudo somado fez de Rodolfo de Habsburgo o Príncipe mais poderoso no sudoeste da Alemanha (onde o Ducado da Suábia tinha se desintegrado).
Os Príncipes-Eleitores reunidos em Frankfurt, no dia 1 de outubro de 1273, tinham que eleger o novo Rei da Alemanha, formalmente Rei dos Romanos, e os candidatos eram:
1-      O turbulento e ganancioso Ottokar II, Rei da Boêmia e Duque da Áustria por seu casamento dom Margarida da Áustria, o Rei mais poderoso dentro do Império Sacro;
2-       O Príncipe Siegfried I de Anhalt;
3-      O Margrave Frederico I da Meissen;
4-      Rodolfo de Habsburgo, Conde de Habsburgo, com 55 anos, um velho para a época.

Rodolfo ganhou por unanimidade, mas contou com:
1-      Os grandes esforços de seu cunhado, o Frederico III de Hohenzollern, Burgrave de Nuremberg (Burgrave, do Latim burcgravius ou burgicomes ), - Conde de um castelo ou de uma cidade fortificada;
2-      O apoio de Alberto II, Príncipe-Eleitor e Duque da Saxônia (Kurfürst und Herzog zu Sachsen, ou Prince-électeur et Duc de Saxe), oficialmente era o Duque da Saxônia (ou Saxe), Angria e Westphalia, coloquialmente era o Duque de Saxe-Wittenberg, da Dinastia de Ascania, Die Askanier, que casou com Agnes de Habsburgo, filha de Rodolfo;
3-       Luís II, Conde Palatino do Reno, ou Príncipe- eleitor Palatino, Duque da Baviera, da Casa de Wittelsbach, que casou com Matilde de Habsburgo, a filha mais velha de Rodolfo.

Como se vê foi um sucesso o uso da celebre política dos “casamentos vantajosos”.
Rodolfo, sob o nome de Rudolf I, foi coroado na Catedral de Aachen em 24 de Outubro 1273 como römisch-deutsche König, ou seja, Rei da Alemanha, formalmente Rei dos Romanos, esperando para ser Coroado Imperador Sacro.
Rodolfo sabia que as “démarches” junto ao Papa para ser Coroado Imperador tinha um preço, e como sempre em tudo que se referia ao Papado um alto preço.
 Não deu outra Sua Santidade mandou docemente lhe “comunicar que só reconheceria esse seu filho dileto como Imperador do Sacro Império Romano Germânico SE o Rei eleito em nome do Império renuncia-se por si e seus sucessores os direitos sobre Roma e organiza-se uma nova Cruzada.”
Naquele momento cheio de problemas no “seu quintal “, Rodolfo não queria encrenca com o Papa, e “renunciou a todos os direitos imperiais em Roma e na Sicília, e prometendo liderar uma nova Cruzada” e o Papa Gregório X, nascido Teobaldo Visconti, que não tinha qualquer ligação com a família homônima dos Senhores de Milão, o reconheceu como e de certo modo lhe entregou o Diadema Imperial, e com tudo acertado entre a Tríplice Coroa e a Coroa Imperial, cada um foi tratar da vida.
Em novembro 1274, foi decidido pela Dieta Imperial em Nuremberg que todas as propriedades do Império que haviam sido doadas, conquistadas, ou vagas, desde a morte de Frederico II, que foi imperador do Sacro Império Romano-Germânico de 1220 até 1250, da da dinastia dos Hohenstaufen, deveriam retornar ao seu proprietário original, o Império Sacro, e que o Rei Ottokar II deve responder à Dieta por não reconhecer o novo Rei.
 Ottokar se recusou a aparecer, pois havia problemas com os seu Ducados da Áustria, Estíria e Caríntia, bem como a Marca da Carniola, que eram, mais não eram, de sua esposa Margarida da Áustria, que tinha o apoio da nobreza austríaca, mas que a Duquesa era sua Sobrinha Gertrude de Babenberger e seu filho. Uma barafunda danada.
Rudolf não aceitou as arengas de Ottokar, declarando que por causa da barafunda os domínios Babenberger deveriam ser entregues ao Império.
Mais, o Rei Ottokar nem deu bola para o fato e foi colocado sob a Proibição Imperial, ou Interdito Imperial, o que fazia dele um fora da lei.
Em junho 1276 o Império declarou a guerra contra Ottokar II, Rei da Boemia, e um dos Príncipes-Eleitores.
Rodolfo cercou Ottokar II no Palácio de Hofburg, sua residência em Viena, enquanto na Boêmia a nobre e poderosa Família Vítkovci liderava uma rebelião contra ele, um proscrito.
Essas situações obrigaram a Ottokar II, o cruel orgulhoso, em novembro 1276, assinar um novo tratado onde desistia de todas as reivindicações para a Áustria e os ducados vizinhos, retendo para si só Boémia e Morávia, e ficou acertado o casamento de Venceslau, filho de Ottokar, com Judith de Habsburgo, filha de Rodolfo, Rei da Alemanha.
Rodolfo, Reia da Alemanha, levantou a Interdição, a Proibição Imperial, ou Interdito Imperial, de Ottokar II e o colocou de volta ao Trono da Boemia e no Margraviato da Moravia.
Era uma paz inquieta.
Mais, Ottokar II er5a saliente e não deu bola para o tratado, e com aliados novos marchou para o confronto, que se deu em 26 de agosto 1278, na Batalha no Marchfeld (Die Schlacht bei Dürnkrut und Jedenspeigen am 26. August 1278), onde Ottokar foi derrotado e morto.
E o mundo ficou livre de um ambicioso encrenqueiro.
Rodolfo, que não dava ponto sem nó, acusou seus desejos sobre a Áustria e outros Ducados, e domínios, que voltaram, ou passaram para o Império.
Aqui quero dar lima explicação:
Muitos historiadores descrevem que essas posses voltaram ao Domínio Real, pois na realidade era os domínios vassalos do römisch-deutsche König, ou seja, do Rei da Alemanha, formalmente Rei dos Romanos, esperando para ser Coroado Imperador Sacro, mas eu as considero, em uma exegese mui particular, como posses do  Sacro Império Romano de Nação Germânica (alemão: Heiliges Römisches Reich Deutscher Nation, Latim: Imperium Romanum Sacrum Nationis Germanicæ), afinal os Reichstag (termo alemão que significa "Dieta Imperial", uma instituição política do Sacro Império Romano-Germânico), tinha, também, Poder sobre esses territórios, logo eles eram da Instituição Maior, o Império.  
Mais, voltemos...
Rodolfo I, Rei da Alemanha, passou vários anos cultivando as relações com a Nobreza e o Povo desses Domínios, num trabalho de formiguinha estabeleceu sua autoridade ali, mas encontrou certa dificuldade em estabelecer a sua família, os temidos e poderosos Habsburgos, como Senhores desses territórios.
Os Príncipes-Eleitores e demais membros da Nobreza Imperial, resistiam a ideia dos Habsburgos como Duques da Áustria, etc., etc., etc.,  mas as hostilidades foram superadas e em 17 de dezembro de 1282, no Reichstag, reunido na Cidade Imperial de Augsburg, Rodolfo apresentou seus filhos Albrecht e Rodolfo, os elevou a condição de Príncipes Imperais, e comunicou aos presentes que eles em "zur gemeinsamen Hand", tradução livre: “ Em mão comum, ou em uma só mão”, governariam os ducados da Áustria, Styria, Carniola, e a Marca de Eslovênia, ou Die Windische Mark, Slovenska Marka.
Em 27 dezembro os membros do Reichstag concordaram com o Rei Rodolfo, e o Decreto foi lavrado em 21 de dezembro de 1282.
Com isso as bases territoriais dos Habsburgos foram sedimentadas.
Em 1286, o Rei Rodolfo domina o Ducado da Caríntia.
E com isso a Dinastia dos Habsburgo ficou mais poderosa ainda, pois foi a partir daqui que ela dominará o Mundo e governará o primeiro Império onde o Sol nunca se punha.
A Divina Providencia assim determinou e os homens a reconheceram os novos Duques de tão ricos domínios, mas nem todos estavam satisfeitos.
Algumas concessões foram feitas a Nobreza e a coisa se acalmou.
Acontece que a população se revoltou contra os novos Senhores, afinal eles tinham fama de Gaviões – Habicht – ou seja de predadores.
Só que esses predadores vieram para ficar pois ocuparam o Trono da Áustria por 645 anos consecutivos.
Os sucessores de Rodolfo ficaram à mercê de politicagens de bastidores e mais o acordado na “Bula de Ouro de 1356”, mas ai um outro Rodolfo, Rudolf IV, da Casa de Habsburgo, mandou fazer um documento denominado Privilegium maius ("o maior privilégio"), uma versão modificada do Privilegium Minus ("o menor privilégio"), emitido pelo Imperador Frederico I Barbarossa em 17 de setembro de 1156, no qual a Marca da Áustria era elevada a Ducado.
Mais isso é outra Conversa para outra hora.
Todos satisfeitos, e com isso estava aplainado o caminho para os Habsburgo portarem de forma vitalícia o Diadema Imperial do Sacro Império Romano de Nação Germânica (alemão: Heiliges Römisches Reich Deutscher Nation, Latim: Imperium Romanum Sacrum Nationis Germanicæ), até a Batalha de Austerlitz de 6 de agosto de 1806 em época do Ciclone Napoleônico.
Em Viena, no dia 16 de fevereiro de 1281, a Rainha Gertrude, primeira esposa do Rei Rodolfo morreu, mas deixou uma filharada danada.
Filhos de Rodolfo e Gertrude, filha do Conde Burkhard III de Hohenberg, e de sua esposa, Matilde de Tübingen:
1-      Matilde que casou em 1273, em Aachen, com Luís II, Luís II, Conde Palatino do Reno, ou Príncipe- eleitor Palatino, Duque da Baviera, da Casa de Wittelsbach, e são pais Rudolf I, Duque da Baviera, e Luís IV, Imperador do Sacro Império Romano;
2-      Albert I, ou Albrecht I, Duque de Áustria e Styria, Rei da Alemanha, formalmente Rei dos Romanos, assassinado por seu sobrinho João, o Parricida;
3-      Catherine que casou em 1279, em Viena, com Otto III, Duque da Baviera, mais tarde com Bela V, Rei da Hungria;
4-      Agnes que casou em 1273 com Alberto II, Príncipe-Eleitor e Duque da Saxônia (Kurfürst und Herzog zu Sachsen, ou Prince-électeur et Duc de Saxe), oficialmente era o Duque da Saxônia (ou Saxe), Angria e Westphalia, coloquialmente era o Duque de Saxe-Wittenberg, da Dinastia de Ascania, Die Askanier, e são pais de Rudolf I, Duque de Saxe-Wittenberg, ou seja, eram Senhores do Ducado de Saxe- Wittenberg, ou Herzogtum Sachsen-Wittenberg;
5-      Edwiges que casou em 1270, em Viena, com Otto VI, Margrave de Brandenburg-Salzwedel. Quando ficou viúvo Otto VI renunciou as pompas do mundo e ingressou na Ordem dos Templários, em mais tarde na Ordem de Cister;
6-      Clemencia que casou em 1281, em Viena, com Charles Martel de Anjou, Rei de Nápoles, Duque da Calábria, Rei titular da Hungria, o candidato papal para a Coroa da Hungria, filho mais velho de Carlos II de Anjou e de Maria (em húngaro: Mária nápolyi királyné, en italiano: Maria d'Ungheria). Pais de Carlos I chamado Roberto Carlos, ou Caroberto de Anjou, em húngaro: Károly Róbert, Rei de Hungria e Croácia;
7-      Hartmann, se afogou em Rheinau.
8-      Rudolf II, Duque da Áustria e Styria, Duque da Suábia, pai de João, o Parricida;
9-      Judith que casou em 1285 com o Rei Venceslau II e foram pais de Rei Venceslau III da Boémia, Polónia e Hungria, da Rainha Elizabeth que casou com o ou João, o Cego, Rei da Boêmia, Rei Titular da Polônia, Conde de Luxemburgo, da Casa de Luxemburgo, filho mais velho de Henrique VII, Sacro-Imperador Romano-Germânico e de sua mulher, Margarida de Brabante;
10-   Carlos que nasceu e morreu em 1276.

O Rei Rodolfo ficou viúvo por três anos, mas em 5 de fevereiro de 1284, voltou a casar com Isabella von Burgund, auch Elisabeth, ou Isabella de Borgonha, depois de viúva do Rei da Alemanha foi Titulada como La Dame de Vieux-Château, ou a Senhora de Vieux-Château, filha de Hugo IV, Duque da Borgonha, Rei Titular de Tessalonica (1266-1272), e de sua segunda esposa, Beatriz de Champagne, filha de Theobald de Champagne (francês: Thibaut), Conde de Champagne, e como Theobald I, Rei de Navarra (1234 – 1253).
A noiva tinha quatorze anos de idade e o noivo quase sessenta e seis.
Viúva casou com Pierre IX de Chambly, seigneur de Neaufles, com quem teve uma filha, Jeanne de Chambly, Dame de Neauphle-le-Chateau, que casou com Philippe de Vienne, Senhor do Pagny, e viúva, casou com Jean de Vergy, Senhor do Mirebeau ou Mirabeau.
Mais...
Rodolfo morreu em Speyer no dia 15 de julho de 1291 e foi sepultado na Catedral da Cidade.
Apesar de ter uma família grande, ele sobreviveu a seus filhos, só Albert I, mais tarde Rei da Alemanha, viveu mais do que o pai, pois morreu assassinado por seu sobrinho em 1 de maio de 1308. A maioria de suas filhas também sobreviveram a ele, exceto Catherine, que morreu em 1282, e Edwiges, em 1285.
Reinado de Rodolfo é lembrado principalmente pelo fortalecimento da Casa de Habsburgo como uma poderosa Dinastia Ducal-Real- Imperial, no âmbito do Sacro Império Romano germânico, já que ao longo dos séculos os Príncipes- eleitores, e a Nobreza Germânica, estavam mais preocupados com seus próprios interesses em detrimento dos interesses do Império.
Na Divina Comédia, Dante encontra Rodolfo sentado fora dos portões do Purgatório com seus contemporâneos.

É isso ai...



O Purgatório
De
Gustavo Doré.

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