terça-feira, 6 de janeiro de 2015

102- CONVERSA – Guelfos e Gibelinos, que considero suas histórias como os episódios chatíssimos da História da Humanidade.



 Armoiries du pape Paul V:
D'azur au dragão d'or au chefe d'ou uma L'Aigle de sable couronné d'or


Agnes de Waiblingen foi a segunda filha de Henrique IV e de Berta de Savoia, irmã do Imperador Henrique V, portanto nada mais natural do que recebe-se um Feudo, e no caso dela foi Waiblingen, tanto que passou para a Grande História como Agnes de Waiblingen
Ora, Agnes de Waiblingen casou com Frederico I, Duque da Suábia, logo o Feudo de Agnes passou a ser do casal, da Família dos de Hohenstaufen.
O filho do casal, Frederico II, o caolho, casou com Judite da Baviera, cujo pai, Heinrich der Schwarze, ou Henrique IX, o Negro, Duque da Baviera, da Dinastia dos Guelfos, o traiu votando em Lotário III para Rei da Alemanha, formalmente Rei dos Romanos, tornando-se assim inimigos, querendo ou não querendo.
No contexto das Guerras entre os Guelfos, agora parentes de Lotário III, pelo casamento de sua filha Gertrudes com o filho de Henrique IX, o Negro, Duque da Baviera, também de nome Henrique, Heinrich der Stolze ou Henrique, o Orgulho, e os Hohenstaufen, houve o Cerco de Weinsberg, em              21 de dezembro de 1140.
Os Hohenstaufen criaram nessa ocasião um grito de guerra, que alterava ligeiramente o nome do Feudo de Waiblingen, e foi ai que surgiu a palavra “Ghibellini “.
“Rei Conrado III da Alemanha cercou o castelo, que se rendeu em 21 de dezembro 1140”.
“O Rei ordenou a execução de todos os homens do castelo e deu o seu agradecimento às mulheres, permitindo-lhes a sair com o bem mais precioso nas coastas”.
“Eles escolheram colocar seus maridos como mantos às costas”.
“Quando o Rei viu o que estava acontecendo, riu muito e aceito truque inteligente das mulheres, dizendo que um Rei deve sempre manter [honrar] a sua palavra”.
“O local se tornou conhecido como “O local das mulheres fies de Weinsberg” - Treue Weiber von Weinsberg – e o castelo hoje é chamado Weibertreu (fidelidade das mulheres)”.
Guelfen / Welfen, em italiano Guelfo, plural Guelfi, em italiano é a forma de Welf, a família dos Duques de Baviera, isso incluindo Welf II, Duque de Baviera a partir de 1101 até sua morte, que na genealogia dos Welf, ele é contado como Welf V, bem como de Henrique, o Leão.
“Os Guelfos disseram ter usado o nome como um grito de guerra durante a Batalha de Weinsberg em 1140, em que o rival Hohenstaufens da Suábia usaram o Waiblingen, ou “Wibellingen", tornou-se posteriormente Ghibellino em italiano”.
Assim surgiu os termos Guelfos e Gibelinos.
Durante o reinado de Frederico Barbarossa quando esse marchou na Itália, os seus apoiantes se tornaram conhecidos como Gibelinos (Ghibellini).
Os participantes da “Liga Lombarda, formada pelas cidades de Cremona, Mântua, Piacenza, Bérgamo, Brescia, Milão, Bolonha, Pádua, Treviso, Vicenza, Verona, Lodi, e Parma, e alguns senhores, como o Marquês Malaspina e Ezzelino da Romano, ficaram conhecidos como Guelfos (Guelfi).
E o pau cantou na casa de Noca.
Em tese “Os gibelinos eram, assim, membros do Partido Imperial, enquanto os guelfos apoiavam o Papa”.
Na verdade, os Guelfos era negociantes abastados, mas que viviam com medo das ambições Papais de aumentar o famoso “Patrimônio de São Pedro”, mas que consideravam o Imperador, e os seus, como uma ameaça permanente a suas famílias, seus interesses, seus negócios.
Os Gibelinos eram nobres da terra, e apesar de seus medos, consideravam que o melhor para eles, suas famílias, e interesses, e defesa contra as ambições dos Papas, eram ser aliados dos Imperadores Sacros.
 A Batalha de Legnano, travada em 29 de maio de 1176, entre as forças do Sacro Império Romano, liderado pelo Imperador Frederico Barbarossa, e a Linga Lombarda, deu vitória a Linga Lombarda comandada por Alberto da Giussano.
“O assalto decisivo foi feito pelo brescianos, que conseguiram romper as linhas, matar os guardas de corpo do Imperador e seu porta-bandeira, e ferir Frederico que foi atirado de seu cavalo”.
“Acreditava-se que o Imperador estava morto e as tropas imperiais bateram em retirada”.
“’ ...Então, para grande alegria de todos, depois de três dias, Barbarossa apareceu diante dos portões de Pavia, ferido e machucado, pois havia sido deixado para morrer’”.
Frederico viajou para Veneza e lá foi assinado o Tratado ou Paz de Veneza de 1177, entre ele, os representantes do Papa Alexandre III, nascido Rolando Bandinelli,– Frederico tinha seu próprio Papa, o antipapa Calisto III,  e por isso havia sido excomungado – portanto o reconheceu como o  170º Papa da Igreja Católica, teve a excomunhão suspensa, reconheceu o senhorio papal sobre Roma e sobre o Patrimônio de São Pedro, concluída uma paz de quinze anos entre o Imperador e Guglielmo II di Sicilia, dito il Buono, Rei da Sicília, da Dinastia di Altavilla (em francês Hauteville ) uma das famílias Normandas do sul da Península italiana,  abrindo o caminho para os anos dourados da Sicília de paz e prosperidade
A cerimônia foi majestosa:
“Em 24 de julho, o Papa da Basilica di San Marco enviou uma delegação de Cardeais para o Imperador no Lido, na foz da Lagoa de Veneza, onde Frederico estava escoltado por Sebastian Ziani , o Doge de Veneza , e Ulrich von Treven II , o Patriarca de Aquileia, e outros nobres de Veneza e outras partes do Império. Solenemente os Cardeais da delegação papal levantaram formalmente a excomunhão que até então tinha sido colocada em cima dele. Ouviu-se exclamações de regozijo de ambas as partes”.
Os Membros da Linga Lombarda não ficaram satisfeitos com os termos da Paz de Veneza que lhes garantia uma paz de seis anos, e continuaram a lutar contra o Império.
O Tratado de Constança ou a Paz de Constança de 1183, assinada na Cidade de Constança (em alemão: Konstanz) hoje uma cidade universitária no sul da Alemanha e a maior cidade nos arredores do Lago de Constança (alemão: Bodensee), no distrito de Konstanz, na região administrativa de Freiburg, estado de Baden-Württemberg, trouxa a paz entre Frederico e os membros da Liga Lombarda.
“As cidades do Reino da Itália obtiveram jurisdição local sobre seus territórios, a liberdade de eleger seus próprios conselhos e decretar a sua própria legislação, bem como para manter sua aliança na forma da Liga Lombarda”.
“No entanto, seus cônsules tiveram que fazer o juramento de fidelidade ao imperador do Sacro Império Romano e dele receber a investidura, bem como os imperiais juízes, que tinham a prerrogativa de julgar recursos em alguns distritos na Itália, foram colocadas sob administração imperial direta”.
Com a confusão que se estabeleceu no Império e na Itália após a morte de Frederico Barbarossa, as Cidades deixaram de cumprir o acordo, mas essa é outra conversa.
Contudo, “o confronto entre os Guelfos e os Gibelinos continuaram até cerca de 1250, e depois só na Toscana (onde eles se originaram), com os nomes "partido da igreja" e "partido imperial" preferido em algumas áreas”.
Na luta pelo Diadema Imperial os Guelfos e os Gibelinos novamente se manifestaram.
Filipe da Suábia ou Filipe de Hohenstaufen, foi apoiado pelos gibelinos, seu genro, Otto de Brunswick, foi apoiado pelos guelfos, na disputa.
Filipe da Suábia ou Filipe de Hohenstaufen tinha sido excomungado, mas mesmo assim “em 8 de março de 1198, em Mühlhausen, os princeps o elegeram Rei dos Romanos e, em 8 de setembro, em Mogúncia, ele foi coroado pelo Arcebispo de Tarentaise”.
Enquanto isso Otto de Brunswick, também foi eleito Rei.
O Papa Inocêncio III, como Filipe ainda era um excomungado e os Hohenstaufens foram uma ameaça ao papado anteriormente, decidiu em favor de Oto IV, em 11 de março de 1201, colocando os partidários de Filipe sob interdito da Igreja.
Era a derrota.
“Felipe da Suábia ou Filipe de Hohenstaufen estava em guerra contra Otto e resolveu ir pessoalmente liquidar com a rebelião instalada em m Brunswick-Lüneburg, quando ele passou a Bamberg, a fim de participar como convidado no casamento de sua sobrinha Condessa Beatrice II da Borgonha com Duque Otto de Merania, foi o conde de Borgonha como Otto II, por seu casamento com a mesma Beatrice II da Borgonha, em 21 de junho de 1208”.
 Depois da cerimônia, Felipe se retirou para seus aposentados, onde ele foi assassinado pelo Conde Otto VIII de Wittelsbach, que escapou”.
“Segundo alguns historiadores o Conde Otto VIII de Wittelsbach culpava o Rei Felipe pelo termino de seu noivado com Gertrude da Silésia, pois o pai dessa, Henrique I, o Barbudo, Duque da Silésia, de Opole, de Kalisz, da Alta Polônia, depois de toda a Polônia, soube do caráter do noivo de sua filha que era cruel e instável, e acabou com o compromisso”.
Esse assassinato é historicamente conhecido como “O regicídio de Bamberg”.
 Assim, Otto venceu e se tornou Otto IV, único Rei da Alemanha, formalmente Rei dos Romanos, a partir de 1208, e Imperador do Sacro Império Romano a partir de 1209, até que ele foi forçado a abdicar em 1215. O único Rei alemão da Dinastia dos Welf, ele provocou a ira do Papa Inocêncio III e foi excomungado em 1210.
Felipe foi o primeiro Rei sagrado e coroado a ser assassinado desde a época da dinastia merovíngia.
Depois ele foi Alberto I de Habsburgo, Duque da Áustria, da Estíria, da Carniola, e da Marca Vindica, Rei da Alemanha, formalmente Rei dos Romanos, de 27 de julho de 1298 até 1 de maio de 1308, coroado na Catedral de Aachen em 24 de agosto de 1298, que foi assassinado em 1 de maio de 1308, em Windisch no Rio Reuss, por seu sobrinho João, o Parricida, a quem havia privado de sua herança.
Sucedeu a Otto e a Felipe, outro Hohenstaufen, Frederico II, “de 1198 foi Rei da Sicília, a partir de 1212 foi Rei romano-germânica e de 1220 até a sua morte, o imperador do Sacro Império Romano. Além disso, desde 1225 portava os títulos de " Rei de Tessalonica, Rei de Chipre, Rei de Jerusalém" e do seu reinado 39 anos como Imperador romano-germânico, ele passou 28 anos na Itália”.
“Esteve em luta quase constante com os Estados Pontifícios e, apesar de excomungado duas vezes, tomou parte na VI Cruzada (1229), que conduziu como diplomata e não como guerreiro”. “Inocêncio IV destituiu-o no concílio de Lyon (1245)”, mas não valeu.
“Gregório IX chegou a chamá-lo de Anticristo e, provavelmente por isto, quando ele morreu, surgiu a ideia de que ele voltaria a reinar de novo em 1000 anos”.
“Frederico II possuía relação parental com um dos mais importantes doutores da Igreja Católica: era primo de Tomás de Aquino”.
Foi um dos mais poderosos imperadores do Sacro Império Romano da Idade Média e de grande cultura, e sobre ele escreveu “o professor Donald Detwiler:
Um homem de extraordinária cultura, energia e capacidade - chamado por um cronista contemporâneo estupor mundi (a maravilha do mundo), por Nietzsche o primeiro europeu, e por muitos historiadores o primeiro governante moderno - Frederick estabelecido na Sicília e no sul da Itália algo muito muito parecido com um reino moderno, regido através de um poder central, com uma burocracia eficiente”.
Um homem desse não podia ser do agrado dos Papas, nem de alguns príncipes alemães e italianos, mas “falando seis línguas (latim, siciliano, alemão, francês, grego e árabe), Frederico era um ávido patrono da ciência e das artes”.
“Em 1224 ele fundou a Universidade de Nápoles, a mais antiga universidade do estado do mundo: agora chamado Università Federico II, manteve-se o único Atheneum do sul da Itália durante séculos”.
“Desempenhou um papel importante na promoção da literatura através da Escola siciliana de poesia”.
“Sua corte real siciliana em Palermo, de cerca de 1220 até sua morte, viu o primeiro uso de uma forma literária de uma língua, o siciliano”.
“A poesia que emanava a escola teve uma influência significativa sobre literatura e sobre o que viria a se tornar a moderna língua italiana”.
“A escola e sua poesia foi saudado por Dante e seus pares e são anteriores em pelo menos um século, o uso do idioma toscano como língua literária elite da Itália”.
“Frederico não acreditar em coisas que não poderiam ser explicadas pela razão, pois era um cético religioso”.
“Seus inimigos papais o denominaram preambulus Antichristi (antecessor do Anticristo) pelo Papa Gregório IX, e, como Frederico alegadamente não respeitou a potestatis privilegium da Igreja, ele foi excomungado”.
“Muitas de suas leis continuam a influenciar as atitudes modernas, como a sua proibição de médicos que atuam como seus próprios farmacêuticos”.
“Um duro golpe para o charlatanismo ao abrigo do qual os médicos diagnosticado doenças duvidosos para vender inúteis "curas", até mesmo perigosos, e para a venda de relíquias milagrosas de santos pela igreja Católica”.
Morreu em 13 de dezembro de 1250, em Castel Fiorentino, na Puglia, região da Itália meridional, cuja capital é Bari.
“Após sua morte, sua Linhagem masculina morreu rapidamente e a Casa de Hohenstaufen chegou ao fim”.
“Após a morte de Frederico II, em 1250, o reino alemão foi dividido entre seu filho Conrado IV (falecido em 1254) e do anti-Rei, William da Holanda (falecido em 1256)”.
“A morte de Conrad foi seguida pelo Interregno, durante o qual nenhum rei poderia obter o reconhecimento universal, permitindo que os príncipes de consolidar suas participações e se tornar governantes ainda mais independentes”.
“Depois de 1257, a coroa foi disputada entre Richard da Cornualha, que foi apoiado pelo Partido os Guelfos e Afonso X de Castela, que foi reconhecido pela parte Hohenstaufen/ Gibelinos, mas nunca pôs os pés em solo alemão”.
“Após a morte de Richard, em 1273, o Interregno terminou com a eleição unânime de Rudolf I (também conhecido como Rudolf de Habsburgo) (em alemão: Rudolf von Habsburg, em latim: Rudolphus)”.
Contudo, a A divisão entre guelfos e gibelinos foi especialmente importante em Florença, embora os dois lados frequentemente se rebelaram contra o outro e tomou o poder em muitas das outras cidades italianas do norte”.
“Em Florença e em outros lugares os guelfos normalmente incluídos comerciantes e burgueses, enquanto os gibelinos tendiam a ser nobres”.
“Eles também adotaram costumes peculiares, tais como o uso de pena em um determinado lado de seus chapéus, ou cortar fruta de maneira particular, de acordo com a sua filiação”.
“Finalmente os Guelfos superaram os Gibelinos e começaram a lutar entre si”.
“Por volta de 1300 os guelfos florentinos haviam dividido em Guelfos Pretos e Guelfos Brancos”. “Os negros continuaram a apoiar o papado, enquanto os brancos se opunham a pontifícia influência, especificamente a influência do Papa Bonifácio VIII”.
“Dante Alighieri estava entre os apoiantes dos guelfos brancos, e em 1302 foi exilado quando os guelfos negros tomaram o controle de Florença”.
“Em 1325, as cidades-estados de Bologna, uma cidade dos Guelfos, e Modena, uma cidade Gibelina, lutaram a Guerra do Balde ou a Guerra do Balde de Carvalho, na Emilia-Romagna, que era então território de Bolonha, quando soldados de Módena entraram furtivamente no centro da cidade de Bolonha, e roubaram um balde repleto de saque e voltaram a Modena”.
“Os bolonheses humilhados declararam guerra à Modena”.
“As duas cidades-estados envolveram-se em combate na batalha de Zappolino, onde Módena atacou Bolonha, embora as perdas foram mais ou menos iguais em ambos os lados, com uma perda total de 2.000 homens”.
“A guerra foi uma vitória decisiva de Modena sobre Bolonha, e o balde ficou nas mãos dos habitantes de Modena e esse fato levou ao ressurgimento de fortunas gibelinos.”
“Em Milão, os guelfos e gibelinos colaboraram na criação da República Ambrosiana em 1447, mas ao longo dos próximos anos envolvido em algumas disputas intensas”.
Os Guelfos tomaram o poder e impuseram uma cruel ditadura e os Gibelinos conspiraram para derruba-los, descobertos foram massacrados, mas seus líderes fugiram em 1449.
“Depois de Francesco Sforza foi elevado a Duque pelo Senado de Milão em 1450, muitos Gibelinos que fugiram, como Filippo Borromeo e Luisino Bossi, foram restaurados em suas posições de destaque na Cidade-estado”.
“No século 15 os guelfos apoiaram Carlos VIII, Rei da França, durante a sua invasão da Itália no início das Guerras Italianas, enquanto os gibelinos eram apoiantes do imperador Maximiliano I, de Habsburgo”.
“No curso das Guerras Italianas de 1494-1559, o cenário político mudou tanto que a antiga divisão entre guelfos e gibelinos tornou-se obsoleto e isso ficou evidente com a eleição do Papa Paulo V, nascido Príncipe Camillo Borghese, eleito em 16 de maio de 1605, coroado em 29 de maio de 1605, 233º Papa da Igreja Católica e 141º soberano de os Estados Pontifícios de 1605 até a sua morte, o primeiro Sumo Pontífice a colocar em seu Brasão a" águia-imperial -em-chefe “, um símbolo gibelino.

 E com isso eu encerro essa conversa sobre os Guelfos e Gibelinos, que considero suas histórias como os episódios chatíssimos da História da Humanidade.

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