terça-feira, 9 de dezembro de 2014

43- CONVERSA- Os Francos & os Merovíngios.



Os Francos & os Merovíngios.
Pagina do Professor Carlos Fernandes;
Os Francos:
Os Francos formavam uma das várias tribos germânicas que adentraram o espaço do império romano a partir da Frísia e estabeleceram um reino que cobria a maior parte da atual França e na região da Francônia, origem da hoje Alemanha.
A palavra ‘franco’ significava livre na língua franca e esse povo originou-se de duas famílias principais: os Francos-Sálios, que quer dizer salgado, que espalhavam-se pelo baixo Reno, nos atuais Países Baixos, Bélgica e noroeste da Alemanha e os Francos do Reno ou Ripuários.
Os Sálios foram mais importantes enquanto a outra família habitava as margens do Reno e do rio Mosela. Carlos Fernandes
Eles foram incluídos no Império Romano e alguns deles chegaram a ocupar o oficialato superior das legiões, como Merobaudo, general do Imperador Valentiniano (375).
Com o enfraquecimento do “o poder de Roma e os Francos souberam aproveitar-se para estender progressivamente suas fronteiras. Clódio (405-448), rei de uma tribo dos Salianos (430-448) conquistou o norte da Gália, enquanto que os Francos do Reno ocupavam aa Renânia atual. Do rei Clódio é que descenderam os Merovíngios e seu filho Meroveu é considerado o primeiro soberano da dinastia. Assim, os merovíngios, pertencentes ao povo germânico dos francos, fundaram a mais antiga dinastia monárquica da França”. Texto de Carlos Fernandes
Os Merovíngios:
“Eles eram citados às vezes por seus contemporâneos como os "reis de cabelos longos" (em latim reges criniti), por não cortarem simbolicamente os cabelos (tradicionalmente, os líderes tribais dos francos exibiam seus longos cabelos como distinção dos cabelos curtos dos romanos e do clero). O termo "merovíngio" deriva do latim medieval Merovingi ou Merohingi ("filhos de Meroveu"), alteração de uma forma não atestada do baixo franconiano ocidental antigo, relacionada ao nome da dinastia em inglês antigo, Merewīowing , com o final -ing sendo um sufixo típico patronímico”. Fonte: pt. Wikipedia. Org.
De volta ao Texto de Carlos Fernandes:
O território governado pelos Merovíngios abrangia uma vasta área que cobria a moderna França, e partes da Alemanha, Suíça e Países Baixos, durante um período situado entre os séculos V e VIII da Era Cristã.
Chamavam-se merovíngios por serem integrantes de uma família supostamente originária do pouco conhecido rei franco Meroveu, o fundador da dinastia, que, após dominar as tribos vizinhas, no final do século V impôs sua hegemonia na Gália.
Mais foi seu neto, Clóvis I, o artífice desse poder, que conseguiu por sob uma única autoridade todas as tribos da Gália, consagrando o poder da Dinastia Merovíngia e levando os francos do paganismo ao Cristianismo (496).
Clóvis unificou territorialmente sobre todos os reinos francos, que derrotou os romanos em Soissons (486), os Burginhões, antigo povo da Alsácia-Lorena, os Alamanos em Tolbiac (487), um povo germânico ocidental também conhecido como Suábios, e por último, aliou-se aos burgúndios e venceu os Visigodos, descendentes do povos godos que chegaram a ocupar a Gália e a Hispânia, na Batalha de Vouillé (507), pondo fim ao governo visigodo do monarca Alarico II, de Toulouse, o que lhe permitiu ocupar Bordéus, Tours e Angoulême, pondo fim a presença dos próprios descendentes godos, na França.
Nesse ínterim o monarca havia se convertido ao catolicismo (496) e lançou com isso as bases da monarquia francesa, fundada na união da igreja com o poder monárquico.
“Clóvis, ou Clodoveu I, também Chlodowech ou Chlodwig, em francês moderno Louis, em neerlandês moderno Lodewijk, em alemão Ludwig”, antes de 486, casou em primeiras núpcias com uma princesa franca da região do Reno (une princesse de la monarchie franque rhénane), os Francos ripuários, que se desconhece o nome e foram pais de Teodorico ou Thierry I, ou Theudoricus, que herdou o nordeste de Auvergne, com Reims como capital, quando da morte do Rei-cristão.
“Essa união que proporcionou uma aliança tática com os seus vizinhos orientais, e que lhe permitiu dominar os territórios de outros povos, pois foi uma "promessas da paz" (friedelehen)  entre os Francos ripuários e  os Francos Sálios”.
Gregório de Tours considera a mãe de Teodorico como concubina de Clovis I, todavia havia poligamia entre os francos e os germânicos.  
Em segundas núpcias Clovis, o Rei-cristão, com Santa Clotilde, Princesa da Borgonha, filha de Chilperico II, Rei da Borgonha, e de “Caretena, segundo São Sidônio Apolinário, poeta, alto funcionário do Império Romano, Bispo de Clermont-Ferrand, e Santo da Igreja Católica, e Fortunato de Poitiers, era uma mulher extraordinária”.
“Ela se casou com Clovis para 493 em Soissons e de acordo com Gregório de Tours, foi quem influenciou a conversão do marido e o seu batismo”.
O casal construiu a Abadia dos Santos Apóstolos, na margem esquerda do Rio Sena -
la basilique des Saint-Apôtres sur la rive gauche de la Seine- os mons Lucotitius (que agora tem o nome Montagne Sainte-Geneviève ) no V th arrondissement de Paris no coração do Quartier Latin , onde estão sepultados.
Hoje essa Basílica é a Abadia de Sainte-Geneviève de Paris - L'abbaye Sainte-Geneviève de Paris – porque Sainte Genevieve ou santa Genoveva, padroeira da cidade de Paris, da Diocese de Nanterre e dos gendarmes, costumava nela rezar.
Tiveram os seguintes filhos:
Ingomer, morreu jovem;
Clodomiro (495-524), Rei dos francos em Orléans de 511, seu reino incluía os importantes Bispados de Tours, de Poitiers e de Orléans;
Childeberto I (496-558), Rei dos francos em Paris a partir de 511;
Clotário I (497-561), Rei dos francos em Soissons de 511, e Rei de todos os francos de 558;
Clotilde (morta em 531), casado Amalarico, Rei dos visigodos.
De volta ao Texto de Carlos Fernandes:
Com a morte de Clóvis (511), o reino foi dividido entre seus quatro filhos: Teodorico I, Clodomiro, Childeberto I e Clotário I: a leste, a Austrásia, com capital em Metz; a oeste, a Nêustria, em torno de Soissons; o reino de Paris; e ao sul o reino da Borgonha, cujo principal centro era Chalon-sur-Saône.
Depois de uma série de lutas fratricidas, Clotário I, que sobreviveu aos três irmãos, unificou o reino franco e estabeleceu a capital em Paris (558).
Três anos depois, o território dividiu-se novamente, agora entre seus herdeiros, e recomeçaram as lutas dinásticas.
Os conflitos entre os próprios merovíngios e com a nobreza, a pressão de povos vizinhos, como os bretões, os lombardos e os gascões, e a acomodação progressiva dos soberanos em favor dos administradores palacianos, levou a dinastia a se consumir com o tempo.
A unidade merovíngia ainda seria restabelecida (613), quando Clotário II, rei da Nêustria, herdou os outros reinos.
No entanto, pouco durou essa unidade, já que com a morte (639) de Dagoberto, filho de Clotário II, o reino novamente dividiu-se, agora em duas partes: a Austrásia e a Borgonha.
 Eles consideravam o reino como um mero bem pessoal e com base nos velhos costumes, distribuíam seus domínios com os seus filhos quando vislumbravam à morte.
Seus filhos não tinham infância como príncipes reais e recebiam os títulos de reis automaticamente aos 12 anos, enquanto que a tarefa de governar era entregue aos Administradores do Palácio, ou Prefeitos do Palácio, os Maires du Palais, uma espécie de primeiro-ministro, provindos de ricas famílias aristocráticas e homens fortes do poder real.
 E assim sendo, com o tempo, o reino franco voltou a fragmentar-se, formando a Austrásia, a Nêustria, a Aquitânia e a Burgúndia, futura Borgonha, e seus titulares gozando de meras funções honoríficas.
O poder realmente foi passando para as mãos dos Administradores do Palácio e entre eles destacaram-se, por exemplo, Carlos Martel, Pepino, o Breve e o pai de Carlos Magno, e Carlomano.
Após a vitória de Carlos Martel sobre os sarracenos em Poitiers (732), onde as tropas muçulmanas foram finalmente repelidas, pouco tempo restava para os Merovíngios como uma linhagem de soberanos: com o apoio do papa Zacarias (741-752), Pepino destituiu (751) o último soberano merovíngio, Childerico III, internando-o em um mosteiro, enterrando definitivamente a Dinastia Merovíngia e substituindo-a pela chamada de Carolíngia.
Os reis merovíngios guardavam sinais ou costumes sagrados que os ligavam ao misticismo.
A começar pela própria concepção de Meroveu, que tinha dois pais: um, o seu progenitor natural, outro, uma divindade marinha, o Quinotauro, que não resistira à beleza da dama grávida ao banhar-se no mar e com ela acasalara.
Como imagem das suas divindades, esses reis tinham longas cabeleiras e barbas, pois nunca cortavam os cabelos, talvez numa possível referência a existência do bíblico Sansão.
Eram considerados reis-sacerdotes, e conta-se que, de nascença, tinham uma cruz vermelha entre os ombros.
Os seus trajes reais eram ornamentados com pendões que diziam ter poderes mágicos e curativos.
Outras supostas tradições dizem que a família real era descendente de Jesus e de Maria Madalena. Haveria, então, uma linhagem que ia de Jesus até à dinastia dos Merovíngios, esses célebres reis que precederam Carlos Magno e a sua dinastia.
Alguns autores já publicaram livros tratando os Merovíngios como uma ramificação de uma possível linhagem dos descendentes de Jesus, como no caso do polêmico e famosíssimo O Código da Vinci, do estadunidense Dan Brown (2005), best seller internacional e que virou filme de grande sucesso (2006).
Os últimos reis merovíngios, incapazes, preguiçosos e apáticos, ficaram conhecidos pelo epíteto de reis madraços, ou rois fainéants. Pepino, o Breve, ao depor o último merovíngio, e antes de o enviar para um mosteiro, ordenou que as suas longas cabelos fossem cortados, como sinal de humilhação e destituição do poder que detinha, à moda do acontecido ao personagem bíblico Sansão.
 Ao depor Childerico III, Pepino III [Pépin III dit "le Bref" ou Pepino, o Breve, como Rei dos Francos era Pépin le Bref ou Pepino I, o Breve], Maires du Palais da Austrásia, fundava uma nova e famosa dinastia, a chamada Carolíngia, por haver tido em seu filho Carlos Magno sua maior expressão política. [Observações minhas]
Deve-se observar que desde a conversão de Clóvis, o cristianismo foi a religião oficial nos domínios merovíngios e a igreja beneficiou-se tanto de inúmeras doações como de isenções de impostos.
Além disso, graças à atividade de Santo Honorato e São Martinho e à chegada de monges irlandeses e italianos, houve grande incentivo à atividade monástica. Floresceram entre os merovíngios as artes plásticas, com magníficos esmaltes, e as letras, com relatos hagiográficos e obras literárias de uma qualidade que se pode avaliar pela História eclesiástica dos francos, do bispo Gregório de Tours.

Sempre Gregório de Tours, o pai da História de França. 

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