segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

88- CONVERSA- O DIREITO DIVINO DOS REIS, A DOUTRINA DAS DUAS ESPADAS & PLENITUDO POTESTATIS ou A Plenitude do Poder. PARTE 1


Coroação do rex romanorum 


PARTE 1
O DIREITO DIVINO DOS REIS,

PROVÉRBIOS:
8.15   Por meu intermédio, reinam os reis, e os príncipes decretam justiça.
8.16   Por meu intermédio, governam os príncipes, os nobres e todos os juízes da terra.

Livro dos Provérbios um dos livros sapienciais do Antigo Testamento da Bíblia e “tem como propósito ensinar a alcançar sabedoria, a disciplina e uma vida prudente e a fazer o que é correto, justo e digno”.
A maioria dos provérbios é de autoria do Rei Salomão.
Os demais foram da lavra de Agur (filho de Jaque, que viveu do reinado de Salomão até o de Ezequias, 13º Rei de Judá) e de Lemuel (o rei de Massá, autor do capítulo 31) que contribuíram nas últimas seções.
Considero o proverbio "Todo homem prudente age com base no conhecimento" - Pv. 13.16 – como o básico para uma vida construtiva e de acordo com a Santa Vontade do Criador.
Completando com “O homem sábio é poderoso e quem tem conhecimento aumenta sua força…" -Pv. 24.5.
Salomão “transformou suas experiências pessoais em conceitos simples para ajudar as gerações futuras “.
Não podemos nos esquecer dessa passagem bíblica:
Em Gibeão, apareceu o SENHOR a Salomão, de noite, em sonhos. Disse-lhe Deus: Pede-me o que queres que eu te dê.
 Respondeu Salomão: De grande benevolência usaste para com teu servo Davi, meu pai, porque ele andou contigo em fidelidade, e em justiça, e em retidão de coração, perante a tua face; mantiveste-lhe esta grande benevolência e lhe deste um filho que se assentasse no seu trono, como hoje se vê.
Agora, pois, ó SENHOR, meu Deus, tu fizeste reinar teu servo em lugar de Davi, meu pai; não passo de uma criança, não sei como conduzir-me.
Teu servo está no meio do teu povo que elegeste, povo grande, tão numeroso, que se não pode contar.
 Dá, pois, ao teu servo coração compreensivo para julgar a teu povo, para que prudentemente discirna entre o bem e o mal; pois quem poderia julgar a este grande povo?
Estas palavras agradaram ao Senhor, por haver Salomão pedido tal coisa.
Disse-lhe Deus: Já que pediste esta coisa e não pediste longevidade, nem riquezas, nem a morte de teus inimigos; mas pediste entendimento, para discernires o que é justo; eis que faço segundo as tuas palavras: dou-te coração sábio e inteligente, de maneira que antes de ti não houve teu igual, nem depois de ti o haverá.
Também até o que me não pediste eu te dou, tanto riquezas como glória; que não haja teu igual entre os reis, por todos os teus dias.
Se andares nos meus caminhos e guardares os meus estatutos e os meus mandamentos, como andou Davi, teu pai, prolongarei os teus dias.
I de Reis, capitulo 1, versículos de 5 a 14.
A sabedoria foi dada, bem como por Salomão não ter seguido “os caminhos e seguido os estatutos” do Deus Eterno, o Senhor visitou a sua descendência por gerações por causa da iniquidade praticada, conforme o alerta, que ele deveria saber, que está em Êxodo, capitulo 20, versículos 5 e 6: 

  Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o SENHOR, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem
 e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.
Até a Santa Encarnação de nosso Senhor e Salvador Jesus de Nazaré, o Cristo do Rei Vivo, Rei dos Judeus da Casa de Davi, que com seu Sacrifício Vicário nos remiu como, também, remiu os pecados do Rei Salomão, seu antepassado ilustre.
Em resumo:
Salomão era sexualmente muito ativo, precisava de muitas mulheres, além do que casava por conveniência diplomática, essas mulheres traziam seus deuses, ele autorizava que fossem construídos templos para eles serem adorados em solo da Terra Santa, com isso desagradou o Eterno, o Deus de Abraão, Isaque e Jacó, e como Deus não mente, a sua descendência pagou pelos seus erros.
As Dinastias europeias foram defenestradas da face de seus países, perderam o Poder em seus países, exatamente pelo mesmo motivo, ou seja, não honraram o mandato Divino que Deus lhes deu.
Mais, vamos aos fatos.
Comecei essa conversa com versículos ou ensinamentos do capitulo 8 que falam sobre como Deus interveem na vida da Humanidade através de seus representantes os Reis, e os Príncipes, os Nobres e os Juízes.
Aqui temos não só a base bíblica da Doutrina do Direito Divino dos Reis, mas, também, a base para as ações dos príncipes dos povos, da nobreza (a nobreza de espada ou mesmo a de Corte) e dos juízes (a nobreza de Toga ou Robe) no contexto de um governo monárquico, de uma monarquia.
Com o reconhecimento de Pepino, o Breve, e sua Unção (pela primeira vez em 751, em Soissons pelo Arcebispo de Mainz e pela segunda vez pelo próprio Sumo Pontífice da Igreja Católica, em pessoa, Papa Estevão II, em uma cerimônia na Basílica de Saint Denis em 754) ou seja, pela Igreja e pelo Papado como Rei dos Francos, esse conceito foi estabelecido na forma do gratia Dei ou Dei Gratia, usada por ele – Pepino- em todos os seus documentos e proclamações.
Ainda, para mais embasar esse Conceito, a Igreja lançou mão dos ensinamentos de Santo Agostinho, o mais importante dos Pais da Igreja, em seu De Civitate Dei sobre o “Rei Justo” ou rex justus, o que fez com que fosse estabelecido, a priori, que todo aquele que fosse escolhido por Deus e Ungido seria um Rei Justo, daí a grande importância da Unção dos Reis com os Santos Óleos, por muitos chamados de Crisma Real.
A De Civitate Dei, (A Cidade de Deus), é uma obra que descreve o mundo, dividido entre o dos homens (o mundo terreno) e o dos céus (o mundo espiritual).
Com Carlos Magno essa afirmação foi estendida para imperator deo coronatus, ou imperator a Deo coronandus, ou Imperador coroado por Deus, e com isso a forma que ele empregou para organizar seu Império aglutinava o Estado e a Igreja, consequentemente, a Religião Cristã.
Com Otto I o Dei Gratia foi incorporado nos documentos, nos selos, etc., do Império.
Para sacralizar mais a figura do Imperador na hora de sua Unção como Rei da Alemanha, formalmente Rei dos Romanos - rex romanorum – eram ditas essas palavras por aquele que estava sendo elevado a tal rango:
Nos divina favente clementia rex Romanorum [...]
Wir, durch die Gunst der göttlichen Gnade König der Römer [...]
Nós, pelo favor da graça divina Rei dos Romanos [...]
Ficava, assim, mais do que estabelecida a Relação entre Deus e o Soberano.
Entre o Soberano e a Nobreza há uma relação especial de dependência, e vice-versa.
Explico:
a-      Soberanos eram eleitos por um Assembleias de nobres, de príncipes, dos principais dos povos, assim ele dependia do reconhecimento, da aceitação, da aclamação, dessa Classe que podemos considerar sendo como a nobreza, mesmo que seus membros não portem Títulos Nobiliárquicos, sejam apenas guerreiros, notáveis ou sacerdotes;  
b-      Dinastia Reais foram formadas para que as Coroas passassem de pai para filho, e os notáveis dos Reinos aceitavam esse fato de bom grado (França, Portugal Rússia, Inglaterra, etc.), sem precisar de usar do método eletivo como era o caso da Polônia, ou mesmo do Sacro Império, até o advento da Dinastia dos Habsburgos;
c-       Depois de Ungidos, mesmo quando as Monarquias não estavam totalmente centralizadas no Absolutismo Real (haviam grandes feudos como a Normandia, a Aquitânia, etc.), o reconhecimento de Nobreza de uma família, ou de uma só pessoa, dependia do Soberano, que ao reconhece-la, ou reconhece-lo, por ter recebido os Santos Óleos, os sacralizava e eles passavam a ser dessa Ordem ou Classe Social, a Nobreza. O que cumpria o ensinamento bíblico que está em Provérbios, capitulo 8, versículo 16; “Por meu intermédio, governam os príncipes, os nobres e todos os juízes da terra”.
              O juramento de vassalagem nada mais é do que o ato cerimonial desse fato.

Agora, a Unção de um Soberano era baseada no princípio da Unção do Rei Saul e do Rei Davi pelo profeta Samuel.
Esse Conceito do Rei Sagrado não foi criado pelo Cristianismo, nem tão pouco pelo Judaísmo, os povos da Terra, inclusive os germânicos, já o tinha baseado nos seus deuses, e a comprovação está na História dos monarcas egípcios, os Faraós, “que de acordo com a mitologia egípcia, o próprio corpo do Faraó era divino, já que o seu sangue teria origem no seu antepassado mítico, o deus Hórus”, portanto creio que não há nenhuma dúvida sobre isso, pois não?
Apesar da Igreja Católica durante séculos não permitir o estudo da Bíblia, ela fazia uso das Sagradas Escrituras para embasar seus ensinamentos e posturas sobre os Soberanos, inclusive sobre as atribuições do Papa/ Bispo de Roma, o que era geralmente bem aceito pelos líderes dos povos e por eles adaptados as suas realidades.
Data Venia menos os casos enquadrados na Controvérsia das Investiduras, casos esses que não tinham nenhum embasamento bíblico, mas eram baseados na ganancia dos homens, na chamada Doutrina da Igreja.
Eu não concordo com a Doutrina da Igreja, pois ela parte de ideias de homens, me explico:
A Tradição, seja ela oral ou escrita, é interpretada e aprofundada progressivamente pelo Magistério da Igreja Católica, que deve ser obedecido e seguido pelos católicos.
Isto porque o Magistério é a função de guardar, interpretar, transmitir e ensinar a Tradição, que é própria da autoridade da Igreja, mas mais concretamente do Papa e dos bispos unidos ao Papa.
Ao acreditar que as Tradições oral e escrita "devem ser recebidas e veneradas com igual espírito de piedade e reverência", a Igreja defende que as suas verdades de fé não estão só contidas na Bíblia e que a própria Bíblia só pode ser verdadeiramente interpretada e vivida no seio da Igreja Católica.
Ai esta sublinhada por mim o porquê não creio na Doutrina da Igreja, pois para mim a Bíblia é meu condigo de conduta, o código de conduta dado ao Cristão para viver plenamente um relacionamento com Deus, só a Bíblia é válida.
Sola scriptura - "somente a Escritura"-  única regra de Fé e conduta para o cristão, e nada mais.
Voltemos:
Os da Idade Media ainda lançaram mão do que está em Romanos, capitulo 13, versículos de 1 a 5:
Todo homem esteja sujeito às autoridades superiores; porque não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas.
 De modo que aquele que se opõe à autoridade resiste à ordenação de Deus; e os que resistem trarão sobre si mesmo condenação.
Porque os magistrados não são para temor, quando se faz o bem, e sim quando se faz o mal. Queres tu não temer a autoridade? Faze o bem e terás louvor dela, visto que a autoridade é ministro de Deus para teu bem. Entretanto, se fizeres o mal, teme; porque não é sem motivo que ela traz a espada; pois é ministro de Deus, vingador, para castigar o que pratica o mal.
 É necessário que lhe estejais sujeitos, não somente por causa do temor da punição, mas também por dever de consciência.
Dois pesos, duas medidas, para certos casos vale a Tradição, ensinamentos que não estão “contidos na Bíblia”, mas para outros, vale o que reza nas Sagradas Escritural.
É de pasmar.
O Mais estranho é que eles não reconheciam a autoridade do Soberano, apesar do “não há autoridade que não proceda de Deus; e as autoridades que existem foram por ele instituídas”, portanto negavam um ensinamento Paulino, e criavam uma Tradição totalmente fora da realidade do Divino, para assim dar vasão as suas paixões pelas riquezas e Poder.
Os Protestantes usaram desse princípio Paulino, entre outros, na convecção da Confissão de Fé de Westminster.
Os homens reunidos na Assembleia de Westminster, entre 1643 e 1649, que sob a orientação do Espirito santo, escreveram na Confissão de Fé de Westminster:
DO MAGISTRADO CIVIL:
I. Deus, o Senhor e Rei de todo o mundo, ordenou o magistrado civil para estar sob Ele e sobre o povo, e isto para Sua própria glória e para o bem público; e, para este fim, o armou com o poder da espada, para defesa e encorajamento daqueles que são bons e para a punição dos malfeitores (Rm 13:1-4; 1Pe 2:13,14).
II. É lícito aos cristãos aceitar e exercer o ofício de magistrado, quando para ele é chamado (Pv 8:15,16; Rm 13:1,2,4); e, em sua administração, devem especialmente manter a piedade, a justiça, e a paz segundo as justas leis de cada nação (Sl 2:10-12; 1Tm 2:2; Sl 82:3,4; 2Sm 23:3; 1Pe 2:13); e para este fim, eles podem agora, sob o Novo Testamento, fazer guerra, havendo ocasiões justas e necessárias (Lc 3:14; Rm 13:4; Mt 8:9,10: At 10:1,2; Ap 17:14,16).
III. Os magistrados não podem assumir para si a administração da Palavra e dos sacramentos ou o poder das chaves do Reino do Céu (2Cr 26:18 com Mt 18:17 e Mt 16:19; 1Co 12:28,29; Ef 4:11,12; 1Co 4:1,2; Rm 10:15; Hb 5:4); mas, ele tem autoridade, e é o seu dever, fazer com que a paz e a unidade sejam preservados na igreja, que a verdade de Deus seja mantida pura e inteira; que todas as blasfêmias e heresias sejam suprimidas; todas as corrupções e abusos do culto e da disciplina sejam impedidos ou reformados; e todas as ordenanças de Deus sejam devidamente estabelecidas, administradas e observadas (Is 49:23; Sl 122:9; Ed 7:23,25-28; Lv 24:16; Dt 13:5,6,12; 2Rs 18:4; 1Cr 13:1-9; 2Rs 23:1-26; 2Cr 34:33; 2Cr 15:12,13). Para uma melhor eficácia destas coisas, ele tem poder para convocar sínodos, estar presentes neles, e providenciar para que o que quer que tenha sido decidido neles esteja de acordo com a mente de Deus (2Cr 19:8-11; 2Cr 29 e 30; Mt 2:4,5).
IV. É dever das pessoas orar pelos magistrados (1Tm 2:1,2), honrar as suas pessoas (1Pe 2:17), pagar-lhe tributos e outros impostos (Rm 13:6,7), obedecer às suas ordens legais e sujeitar-se à sua autoridade, e isto por amor a consciência (Rm 13:5; Tt 3:1). Incredulidade ou indiferença de religião não anula a justa e legal autoridade do magistrado, nem absolve o povo da obediência que lhe deve (1Pe 2:13,14,16), obediência de que não estão isentos os eclesiásticos (Rm 13:1; 1Rs 2:35; At 25:9-11; 2Pe 2:1,10,11; Jd 8-11). Muito menos o Papa tem qualquer poder ou jurisdição sobre os magistrados dentro dos domínios deles ou sobre qualquer um do seu povo; e muito menos tem o poder de privá-los dos seus domínios ou vidas, por julgá-los hereges ou sob qualquer outro pretexto (2Ts 2:4; Ap 13:15-17).
ALELUIA.
GLORIA A DEUS.
Chamo atenção para, o nem o “Papa tem qualquer poder ou jurisdição sobre os magistrados dentro dos domínios deles ou sobre qualquer um do seu povo”, o povo aqui é o de Deus, logo o Poder Divino dos Reis, por mais anacrônico que hoje possa parecer, era naquela época uma realidade que tinha que ser respeitada pela Humanidade, a começar por aquele que dizia e diz ser o Vicário de Deus na Terra.
E mais:
Até hoje, nos nossos dias, não resta a menor duvida de que as autoridades que estão no mundo são frutos da Vontade Permissiva de Deus.
E nada mais.
Se ela, a autoridade, é corrupta, Deus não tem nada com isso, pois a natureza do Homem é corrupta e essa pessoa está dando vazão a ela, a sua natureza. 

Continuemos...

FIM DA PARTE 1 

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